25 de março de 2009

Olá, Pessoa no divirta-se (Estado de Minas)

Matéria que saiu no dia da estréia no Estado de Minas

http://www.new.divirta-se.uai.com.br/html/sessao_11/2009/03/13/ficha_teatro/id_sessao=11&id_noticia=8655/ficha_teatro.shtml

Espetáculo aborda vida de funcionário público homossexual
Olá, pessoa é baseado em livro escrito por Marcelo Garcia

Walter Sebastião - EM Cultura


“Apenas quero amar o amor urgente. No mais, quero brigar pela liberdade de viver quem sou e não quem as pessoas gostariam que eu fosse”. A afirmação é de Marcelo Garcia, secretário municipal de Desenvolvimento Social do Rio de Janeiro entre 2003 e 2008. Depois de ocupar cargos na mesma área em níveis estadual e federal, ele hoje trabalha na Prefeitura de Juiz de Fora. É autor do livro E ninguém tinha nada com isso, que, como explica, fala da dor e da delícia de se descobrir gay num país cheio de preconceitos. “Quero estar neste front sim. Quero estar na militância por direitos iguais”, escreve, dizendo que ser gay não é um fantasma na vida dele e que pretende ajudar “a desconstruir muitos e muitos fantasmas na vida das pessoas”.
Olá, pessoa, adaptação do livro de Marcelo Garcia para o teatro feita por Edmundo de Novaes Gomes, estreia sexta, às 21h, no Odeon Espaço Cultural, com a presença do escritor. No palco, o texto, com direção de Carlos Gradim, ganhou forma de palestra fictícia, que, em certo momento, abre o microfone para quem quiser fazer depoimento sobre algo ocorrido em decorrência de preconceito. “É uma forma de questionar a intolerância”, conta o ator Alexandre Cioletti, que faz o papel do funcionário público. “Vivemos em contexto de muitas discriminações – raciais, sexuais, dos deficientes físicos, dos pobres, de gênero etc. E elas passam despercebidas”, observa. “A proposta do espetáculo não é responder nada, mas formular perguntas, fomentar a discussão”, afirma.O espetáculo, afirma Alexandre Cioletti, é experiência teatral próxima da performance.
Trata-se de um relato de vida, com momentos engraçados, outros dramáticos, narrados em tom sincero e leve. “Mas não é uma comédia”, frisa o ator. “Fazer o personagem que escreve obra na qual assume sua homossexualidade cobrou de mim a mesma dedicação de qualquer outro papel. É um modo diferente de estar em universo que é de todas as pessoas”, observa. “Minha preocupação foi não ficar no estereótipo”, completa. Um momento que o ator gosta muito é quando se abre espaço para a participação da platéia: “Não temos noção da quantidade de histórias que surgem”, avisa, lembrando-se de apresentações experimentais do trabalho em que pôde presenciar marcas profundas deixadas por variados episódios. Para Alexandre Cioletti, se o tema da convivência vai deixando de ser utopia, a intolerância ainda é grande: “Veja a guerra entre palestinos e israelenses”.Carlos Gradim, escrevendo sobre o espetáculo, conta que evitou montagem tradicional, porque tornaria a história piegas. A opção pela forma de palestra foi feita para tornar o espetáculo mais contundente. “Nosso foco é discorrer sobre tema importante para a construção de uma vida mais harmônica e menos preconceituosa”, explica. “A questão da aceitação da diferença é extremamente difícil para a nossa sociedade”, completa. O diretor tem outros espetáculos cujo tema é o universo homossexual, como Amor e restos humanos e o curta-metragem Bárbara.

OLÁ, PESSOAEspetáculo com Alexandre Cioletti, na Odeon Espaço Cultural, Rua Tenente de Brito Melo, 254, Barro Preto, (31) 3295-4264. Sexta e sábado, às 21h; domingo, às 19h. Ingressos: R$ 20 (inteira) e R$ 10 (meia-entrada). Classificação: 18 anos. Em cartaz até 26 de abril.

Nenhum comentário:

Postar um comentário